Depois de quase 4 ansiosos meses, chegou o tão aguardado anúncio de que as adaptações internas que havíamos definido para o nosso carro-casa estavam prontas.
Já podíamos ir buscá-lo em Chapecó/SC
Naquele momento a insegurança sobre irmos até um outro estado em meio à pandemia era grande. A principal preocupação era o contato com pessoas e locais que poderiam estar infectados (banheiros, saguões, meio de transporte, etc).
O voo já estava comprado e, apesar da alegria daquele momento, havia certo receio no ar sobre a facilidade que tivemos em adquirir as passagens.
Este trecho São Paulo-Chapecó tem relativamente poucos horários quando comparado com outros destinos no Brasil, porém sempre que consultávamos no site da companhia aérea os preços estavam excelentes e com disponibilidade em todos os dias da semana.
Com isso ainda na cabeça e sem contato sobre o status do voo, ligamos dois dias antes do embarque buscando confirmar nossas passagens e rapidamente, sem qualquer aviso prévio ou pedido de desculpas, veio a notícia: o voo estava cancelado!
Fazia sentido então aquela sensação de que realmente estava tudo “muito bom pra ser verdade” e que agora teríamos que partir para um plano B. Para facilitar a cidade de São Paulo havia recentemente instaurado um regime de rodízio de carros que não permitia que saíssemos de casa no dia que bem entendermos.
Colocamos os prós e contras de cada opção e decidimos que iríamos de carro emprestado apesar do alto custo com pedágios e combustível.
A segurança seria maior e poderíamos nos organizar para parar o menos possível durante o trecho. Definimos também que seria feito em duas etapas: São Paulo-Paraná e depois Paraná-Santa Catarina.
Já no Norte do Paraná, acordamos às 4 AM para fazermos o último trecho rumo ao encontro de Figueiredo. Chegamos em uma Quinta à tarde (14/05) na oficina da CVE para participarmos da entrega técnica que seria conduzida pelo Rafael (proprietário da empresa de motorhomes).
Acabou sendo um resumo de como funcionava a parte elétrica, hidráulica, abertura e fechamento dos compartimentos. Em função do nosso cansaço, combinamos de retornar na Sexta pela manhã para bater mais um papo e agradecer por todo o capricho na confecção do motorhome.
Fomos presenteados na saída por um pôr do sol grandioso logo na estrada que dava acesso ao hotel que iriamos nos hospedar.
O café da manhã no outro dia veio direto no quarto refletindo a política de isolamento do próprio hotel. Depois de praticamente todo aquele tempo longe do carro, dormimos lado a lado com ele para já de manhã tê-lo o mais próximo possível de nós.
No segundo dia tudo que era para acontecer rápido acabou se estendendo. A visita na oficina e os agradecimentos ao Rafa e a Lu se alongaram, além de que tínhamos itens como bancos traseiros e peças de reposição para encaixar no carro e levar conosco.
O carro estava fazendo um barulho alto quando fazia curvas mais fechadas e isso virou uma preocupação já que enfrentaríamos estradas sinuosas no caminho de volta. Pegamos uma recomendação de oficina mecânica ali mesmo para entendermos melhor o que podia estar acontecendo.
Claro que a nossa partida programada para 10 AM acabou virando 4 PM, visto que o diagnóstico no mecânico também não foi rápido.
Neste novo cenário não conseguiríamos chegar na própria Sexta ao norte do Paraná , o que demandava planejarmos nossa primeira noite de sono dentro do carro.
Compramos cobertores baratos na cidade e reunimos todos nossos casacos para vestirmos e adaptarmos de travesseiro. Se por um lado não estávamos muito preparados para dormir, pelo menos esperávamos que fizesse frio na região naqueles dias e nossas mochilas carregavam alguns casaco e meias mais fortes.
Com o cair da noite decidimos parar no primeiro local minimamente estruturado e seguro para dormirmos. Seria oficialmente a estreia do motorhome na fria Vitorino (município ao lado de Pato Branco/PR) no pátio de um Posto Shell.
O banheiro relativamente limpo serviu para trocarmos de roupa e escovarmos os dentes e a conveniência para brindarmos à nossa primeira experiência dormindo dentro do motorhome.
Toda a comida necessária para os trechos de carro foi preparada antes de sairmos de São Paulo. Ficavam no cooler para não estragar e eram compostas basicamente de sanduíches, bolos, frutas e barras de cereais.
Conseguimos descansar para pegarmos estrada no dia seguinte.
Não foi obviamente uma noite das mais confortáveis, pois ainda buscávamos encontrar as melhores posições para deitarmos e o frio acabava entrando por pequenas frestas na porta de trás do carro onde nossas cabeças repousavam. Penso que a falta de travesseiro também pesou um pouco.
Como estávamos realmente cansados da maratona de resgate, conseguimos recuperar as energias para voltarmos a estrada rumo ao norte do Paraná onde ficaríamos mais algumas semanas em quarentena e namorando dia e noite nossa nova viatura adaptada para se viver.
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