Desde que iniciamos a expedição à bordo de nossa casa itinerante não me recordo de outra época em que fomos tantas vezes "convidados a nos retirar" dos lugares.
Talvez nem mesmo nos anos de adolescência, quando tentamos por algumas vezes testar os limites da paciência de vizinhos, professores e outras autoridades.
De qualquer forma, em todas essas fases anteriores de nossas vidas, sabíamos que ao final do dia certamente encontraríamos um lugar familiar e seguro para nos acolher

A maior complicação nessa situações é a falta de comunicação. Quando chegamos ao local nem sempre temos a certeza se realmente poderemos ou não ficar e quase nunca conseguimos contato com qualquer pessoa ao redor.
Se sentirmos que a chance é quase zero de alguém se incomodar, nos instalamos.
Mas afinal, podemos simplesmente parar e dormir em qualquer local?
Acredito que se perguntarmos isso para diferentes viajantes que conhecem o mundo em carros, caminhões, ônibus, bicicletas, veleiros ou a pé, a resposta será muito distinta e talvez até oposta.
Primeiramente porque cada um conta com um conjunto de equipamentos próprios para suas jornadas, assim como costumam trafegar por vias muito diferentes
Uma família que viaja de veleiro, por exemplo, necessariamente contará com uma estrutura básica para dormir e comer, já que, até onde entendo, não existem muitas opções de restaurantes e hotéis em pleno mar aberto. Ou seja, a princípio, podem descansar e se alimentar em qualquer local durante seus roteiros sem problemas de alguém "achar ruim".
Quando os deslocamentos são por terra as circunstâncias já mudam. Um casal de bicicleta, por outro lado, pode ter dificuldade em carregar todo o aparato necessário na "garupa" e, por isso, não pode ficar muitos dias sem acesso a uma cidade com água, comida, cama ou energia. E quando chegarem até estes pontos de apoio, será que encontrão uma área ideal para se acomodarem?

Em nosso caso, temos alguns itens embarcados que permitem certa autonomia em lugares ermos, porém nem sempre sabemos ao certo se um dado local permite estacionarmos, comermos, dormirmos, ou nenhuma das opções anteriores.
Quando partimos para pequenas cidades no interior ou locais próximos às unidades de conservação (parques e reservas) com acesso somente por estradas de terra tínhamos a sensação de que nossas opções de pernoite seriam sempre maiores, porém descobrimos que muitas vezes é justamente o oposto
Um lugar tranquilo que pensamos ser perfeito para pernoitar pode muito bem ser, por exemplo, uma propriedade particular não sinalizada. O dono, nem sempre muito simpático ou pacífico, pode não gostar de tudo aquilo e pedir para sairmos rapidamente.
Todos ao redor podem até saber que o lugar pertence a alguém ou que não se pode estacionar por ali, o único problema é que são poucos os que informam os viajantes sobre este fato relevante.

Aconteceu conosco no Tocantins quando entramos em um camping sinalizado com placa, porém sem qualquer presença humana ao redor. Já era final da tarde e presumimos que os donos apareceriam nas próximas horas para fazer um primeiro contato. Nenhum sinal durante toda a noite.
De manhã soubemos não só que não poderíamos ter parado o carro em frente ao rio como também deveríamos pagar prontamente a "graninha" (palavras usadas pelo senhor) já que ele "tinha uma roça para carpir e iria ficar ocupado durante todo o dia".
No Maranhão foi um pouco diferente: o comunicado de que deveríamos sair chegou somente após 3 dias de nos instalarmos no local - depois também de certificarmos com todos os vizinhos de que poderíamos nos abrigar por ali. O mais complicado de tudo, além da arrogância, foi o horário em que o "representante do proprietário" nos informou. Já eram quase 18h, a claridade ia diminuindo e a mensagem era clara de que deveríamos sair o quanto antes (mesas, cadeiras, barracas ainda estavam todas montadas). Outra opção sugerida era basicamente pagarmos uma "gorda propina".
Situações adversas como essas acontecem mais frequentemente do que gostaríamos em uma vida na estrada, porém foram infinitas vezes menores do que os momentos em que pessoas foram ao nosso encontro para oferecer abrigo, comida e banho

Simplesmente pela boa fé em ajudar o próximo ou apoiar um amigo.
Mais abaixo ficará bem claro a discrepância entre as pessoas que nos acolheram vs pessoas que nos expulsaram.
Recebemos incentivo e suporte de muuuuitas pessoas durante este período na estrada, porém decidimos destacar aqueles que nos acolheram diretamente em suas casas durante nossos roteiros (até agora).

Pessoas especiais que nos acolheram:
Seo Itamar - Botucatu/SP
Angelo e Danuta - Botucatu/SP
Felipe e Luisa - Botucatu/SP
Tom e Amanda - Cunha/SP
Cláudio e Cléo - Boracéia/SP
Américo e Marília - Juquitiba/SP
Rodrigo e família - Cássia/MG
Seo Eduardo e Dona Maria - Vargem Bonita/MG
Lara, Thiago, Zé Neto e família - Carinhanha/BA
Hiro Abe e família - Iraquara/BA
Tonho e Conceição - Campo Alegre de Lourdes/BA
Ebinho e Simony - São Raimundo Nonato/PI
Marcelo e família - Juazeiro/BA
Leleu, Jane e família - Delmiro Gouveia/AL
Silvio e Dona Vilma - Piranhas/AL
Marcão, Mário e Cleiton - Ipojuca/PE
Saulo e família - Tibau/RN
John, Evando e família - Itapipoca/CE
Beto e família - Barreirinhas/MA
Carolina e Leonardo - Imperatriz/MA
Noêmia e família - Ponte Alta do Tocantins/TO
Zé Renato e Sabrina - Luiz Eduardo Magalhães/BA
Ricardo Marques - Brasília/DF
Rafael Prezzotto - Goiânia/GO
Clélia, Raquel, Roger e família - Cuiabá/MT
Thales e Manu - Nova Mutum/MT
Gabriela Rocha - Dourados/MS
Paulo e João Vela - Florianópolis/SC
Gabriel Cortez - Florianópolis/SC
Eduardo e Samira - Rancho Queimado/SC
Rebeca Bonel - Urubici/SC
Camila Holz - Imbituba/SC
Marco e Sabrina - Chapecó/SC
Agradecimento também especial aos donos de campings que nos receberam como verdadeiros membros da família. Muito em breve destacaremos os que mais gostamos!
Aqui em Paragominas,capital do boi gordo do milho e da soja,sempre as ordens para viageiros da esperança.
rimacbosch@gmail.com
Ricardo e Lourdes
Estamos com.a."viatura " pronta pra enfrentar a Estrada. Temos feito bate volta mas o projeto é "cair na estrada". Confessamos que esse é nosso maior receio, já que fica inviável pagar por todo pernoite. Montamos uma pickup Frontier com.barraca de teto. E logo sairemos com.ou sem.medo. o post foi muito útil e.deu esperança em saber que os bons sao maioria. Abraços (Mile e Binha)
Meus amigos, vcs mereciam muito mais!!! Fico devend uma melhor estrutura e boa companhia na próxima vez que vierem!!! Foi um prazer 😍😍😍
Estaremos sempre por aqui, a garagem esta disponível e os "Magaivers" pode deixar que eu faço kkkk, abraços
Parabéns amigos! A simpatia de vocês cativa amizades por onde passam...
E sempre haverão mais portas abertas do que fechadas!