O primeiro roteiro a gente nunca esquece!
Aliás, se você pensa em construir uma longa viagem pelas Américas, caminhar lado a lado com um dos cursos d'água mais importantes do continente pode não ser uma má ideia.
Não é por um acaso que historicamente chamam o Velho Chico de "Rio da integração nacional". Afinal, além de passar por 5 dos 26 estados do país, ele também conecta duas regiões de realidade econômica, social, ambiental e logística muito distintas, o Sudeste do Nordeste.
Como partimos do interior de São Paulo, Minas Gerais já era o estado vizinho e abrigava a tão famosa nascente do rio nas entranhas da Serra da Canastra.
Ali seria o nosso marco zero!
E, de fato, nosso primeiro acampamento com o motorhome foi montado em um camping muito próximo ao leito do rio.
Seria um "aperitivo" do que estava por vir. Um trecho ainda com pouca correnteza, calmo e com milhares de pedrinhas arredondadas visíveis no fundo, bem diferente do que encontraríamos nos próximos meses.
A queda majestosa da Casca D'anta foi fundamental para lembrarmos sobre a força do rio que começávamos a acompanhar
Ainda em Minas Gerais visitamos a Represa de Três Marias que já apresenta uma "fisionomia" bem diferente da nascente. Um turismo ainda insipiente, cidades mais carentes de recursos e crescente atividade pesqueira (tanques de criação e pesca com linha e rede).
Naquela região ouvimos os seguintes dizeres dos locais:
A partir daqui vocês entram na parte das "Gerais" de Minas
E realmente tudo foi mudando enquanto seguimos rumo ao norte do estado.
Nos deparamos, pela primeira vez até então, com uma orla estruturada cheia de restaurantes, música e atividades ao ar livre em Pirapora/MG.
Tinha uma cara de porto realmente, com comércio, artesanato local, lembrança dos antigos navios vapores (grandes embarcações que transportavam passageiros, correspondências e as mais diversas mercadorias) e um amor grande pelo rio em si.
O caudaloso, folclórico e navegável rio começava então a aparecer com muita correnteza e grandes pedras perigosas pelo caminho
Até a nossa chegada à foz, ainda conheceríamos muito mais sobre a cultura barranqueira, visitaríamos os moinhos de cachaça e produção de rapadura em Januária/MG, chegaríamos aos cânions e barragens que beiram a tríplice fronteira de Sergipe/Alagoas/Bahia, atravessaríamos balsas e longas pontes e escutaríamos as histórias do cangaço e o bando de Lampião.
Nossa nova casa conseguiu, através de 16 diferentes estradas nacionais (BRs), nos levar para ver essas realidades de nosso próprio país.
Estivemos exatos 45 dias morando à beira do Rio São Francisco em seus quase 3.000 quilômetros de extensão
Muitas histórias, aprendizados e grande admiração por este roteiro brasileiro.
Tantas que não cabem somente em um post...
Onde ficamos durante o roteiro do Rio São Francisco?
Delfinópolis/MG
Vargem Bonita/MG
Morada Nova de Minas/MG
Três Marias/MG
Pirapora/MG
Januária/MG
Itacarambi/MG
Carinhanha/BA
Ibotirama/BA
Seabra/BA
Xique-Xique/BA
Casa Nova/BA
Petrolina/PE
Juazeiro/BA
Delmiro Gouveia/AL
Piranhas/AL
Entremontes/AL
Piaçabuçu/AL
Pontal do Peba/AL
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